sábado, 14 de junho de 2008

GEOGRAFIA E UNIVERSO

Do que trata a geografia? Qual seu objeto de estudo? Já houve quem dissesse que a geografia é a história do presente. Não é simplesmente isso. Claro que há semelhanças entre geografia e história. São duas ciências que tratam do homem: a primeira enfatiza a relação com o espaço e a segunda, com o tempo.
É no espaço geográfico que o homem constrói suas complexas relações, convivendo com a natureza e modificando-a. Dessa forma, o espaço geográfico pode ser natural ou humanizado.
A preocupação maior da geografia é entender o homem, seu relacionamento com a natureza e com os outros homens; de que forma cada sociedade humana estrutura e organiza seu espaço e a integração com outras sociedades, promovendo trocas culturais e econômicas.
Assim, a geografia trata de estruturas socioeconômicas, relações entre trabalhadores, formas de produção e de desenvolvimento tecnológico.
Nessa teia de relações, a geografia se coloca como forma de saber privilegiado sobre a realidade, procurando entende-la e propondo alternativas para diminuir ou eliminar desigualdades regionais, sociais, impactos ambientais, criando justiça social e aproveitamento racional no uso dos recursos naturais.

UNIVERSO
· Origem do universo
Antes da teoria da relatividade concebia-se um universo estático e imutável. Inspirado na teoria de Einstein, George Gamow elaborou a teoria do Big Bang (grande explosão), apresentada ao mundo em 1948.
Segundo essa teoria, o universo surgiu de uma explosão, entre 15 e 20 bilhões de anos atrás. Teve origem em gigantescas concentrações de energia, gerando uma expansão que dura até hoje.

· Galáxias
São regiões do universo onde se aglomeram planetas, estrelas, gases, etc. Todos esses elementos giram em torno de um mesmo centro. Os cálculos atuais indicam a existência de aproximadamente 100 bilhões de galáxias que, juntas, forma o universo. As mais famosas são: Via Láctea, onde está localizado o Sistema Solar, e Andrômeda. Ambas são visíveis a olho nu.

· Astros
São corpos que giram no espaço, classificados de acordo com a luminosidade.
Iluminados ou opacos: não possuem luz própria, recebendo luz das estrelas. São os planetas, asteróides, satélites naturais, etc.
Luminosos: são geradores da própria luz e do calor, como as estrelas.

· Constelações
São agrupamentos fictícios de estrelas definidos pelos seres humanos desde a antiguidade. Portanto não são agrupamentos naturalmente definidos, mas criados pelos homens.

· Estrelas
São corpos celestes de forma esférica que irradiam luz e calor. São formados por dois gases principais: hidrogênio e hélio, que entram em reação nuclear.
É possível classificar as estrelas de acordo com seu brilho, que indica também sua idade.

· Sistema solar
O sistema solar é composto por nove planetas que giram ao redor do Sol, além de asteróides, meteoros, cometas e satélites naturais. O Sol desloca-se em direção a lugar não identificado do espaço, levando consigo todo o Sistema Solar.
O Sol é uma estrela de Quinta grandeza e média idade (aproximadamente 5 bilhões de anos). Essencial para a vida no planeta Terra, emite radiação na forma de calor, parte dela visível na forma de luz.
O Sol é composto de hidrogênio e hélio. No centro, o hidrogênio está constantemente sendo transformado em hélio. Uma reação nuclear libera a energia que se dirige para a superfície do Sol e, depois, para o espaço, na forma de radiação.
O heliocentrismo, teoria que sustenta ser o Sol o centro do Universo, concebe que todos os astros, inclusive as estrelas, giram em torno do Sol, hipótese lançada por Aristóteles, no século V a.C., apresentada pela primeira vez pelo grego Aristarco de Samos (310-230 a.C.).
Essa idéia foi posteriormente ignorada na idade média. O dogmatismo da Igreja medieval era tão forte que temia qualquer hipótese ou estudo científico que questionasse a visão bíblica da criação, expressa no Gênesis. Os pensadores medievais aceitavam apenas a doutrina apresentada por Cláudio Ptolomeu na obra Almagesto, pela qual a Terra era o centro do Universo (Geocentrismo) e demonstrava, com razoável precisão, a posição dos planetas visíveis a olho nu. Quatorze séculos depois, o padre Nicolau Copérnico rejeitou o sistema ptolomaico, relançando o heliocentrismo.
· Lua: nosso satélite natural
Com volume 49 vezes menor que nosso planeta, não pode reter atmosfera nem água. Sua força gravitacional corresponde a 1/6 da gravidade da Terra.
É o astro mais próximo da Terra: em média 384 mil quilômetros.
A Lua é um astro iluminado. Assim, a luminosidade que vemos da Terra é a reflexão da luz do Sol. O potencial de reflexão, denominado albedo, é de 7%.

· Movimentos da Lua
- Rotação: realiza-se em torno do próprio eixo, com duração de 27 dias, 7 horas e 43 minutos.
- Translação: realiza-se ao redor da Terra em 27 dias, 7 horas e 43 minutos.
- Revolução: movimento que a Lua realiza acompanhando a Terra ao redor do Sol, no período de um ano.
A perfeita sincronia entre os movimentos de rotação e translação faz a Lua apresentar sempre a mesma face voltada para a Terra.

· Fases da Lua
De acordo com o movimento de translação da Lua, a face voltada para a Terra é iluminada pelo Sol de diferentes formas.
- Lua nova: posição de conjunção. Não é possível observá-la porque se encontra entre o Sol e a Terra.
- Lua quarto crescente: posição de primeira quadratura. Teoricamente, uma quarta parte de sua superfície pode ser observada, das 12 horas até meia noite.
- Lua cheia: posição de oposição. Observa-se metade de sua superfície iluminada entre 18 horas e 6 horas.
- Lua quarto minguante: posição de segunda quadratura. É possível observá-la da meia-noite até o meio-dia, em teoria.

· Eclipses
Os eclipses acontecem quando Lua, Sol e Terra estão alinhados. Assim, os astros podem provocar eclipses somente em duas fases da Lua: Lua nova (conjunção) e Lua cheia (oposição).
Quando os três astros estão alinhados num mesmo plano da órbita, um deles pode ser oculto por outro, total ou parcialmente. O astro oculto pode ser o Sol (eclipse solar) ou a Lua (eclipse lunar).
- Eclipse solar: ocorre quando a Lua se encontra entre a Terra e o Sol (conjunção). A Lua projeta um cone de sombra sobre a Terra.
- Eclipse lunar: ocorre quando a Terra se encontra entre o Sol e a Lua (oposição). A terra projeta sua sombra na Lua impedindo que ela reflita a luz do Sol.

· Marés
Os movimentos da Lua e da Terra, bem como a força gravitacional, exercem influência sobre as águas do planeta. O oceano (menos denso) é atraído pela passagem da Lua, ocasionando sua rápida subida. Esse movimento denomina-se maré. Além da atração gravitacional da Lua, também há atração do Sol.

TERRA NO ESPAÇO

· Terra
A Terra está localizada na galáxia Via Láctea, no Sistema solar. Ela é o terceiro planeta em ordem de afastamento do Sol. Apresenta obliquidade da eclíptica, ou seja, é inclinada. Possui superfície de 510 milhões de quilômetros quadrados e tem forma específica de Geóide.
A Terra executa 14 movimentos. Destes, dois são mais importantes: rotação e translação.


· Movimento de rotação
É o movimento que a Terra executa em torno de seu eixo polar, ou o tempo que gasta para girar 360º no sentido oeste-leste.
O tempo gasto para executar esse movimento, é de 23 horas, 56 minutos e 4 segundos, denomina-se dia sideral.
Em decorrência do movimento de rotação, há:
- movimento aparente do Sol (MAS);
- sucessão de dias e noites;
- obliquidade dos raios solares durante o dia;
- desvio dos ventos e dos corpos em queda livre;
- horários diferenciados (fusos horários);
- pontos cardeais;
- abaulamento do Equador e achatamento do pólos.
No estudo das relações Terra - Sol, é comum o período de 24 horas corresponder a uma rotação completa - dia civil. A velocidade da rotação da Terra no Equador é de 1.666km/h ou 27,76km/min. A linha do Equador é a circunferência máxima do planeta, com uma extensão de 40 mil quilômetros. Quanto mais próximo dos pólos, menor a velocidade de rotação, chegando a ser nula nos pólos.

· Movimento de translação
É o movimento da Terra em torno do Sol, realizando, em órbita elíptica, um percurso de 930 milhões de quilômetros, com duração de um ano solar ou 365 dias, 5h 48m 9s, arredondada para 365 dias e 6 horas. Na prática se usa o ano civil – 365 dias. Por isso, a cada 4 anos se acrescenta um dia ao ano, constituindo-se o ano bissexto – 366 dias.
A forma da órbita do movimento de translação é uma elipse, na qual o Sol ocupa um dos focos.
Dessa forma, a Terra ora se afasta do Sol, ora se aproxima. O afastamento máximo, afélio (aproximadamente 152 milhões de quilômetros), ocorre em 4 de julho. O dia 3 de janeiro é o período em que a Terra mais se aproxima do Sol (cerca de 147 milhões de quilômetros) periélio.

· Estações do ano
No dia 21 de dezembro, o hemisfério sul recebe os raios solares quase perpendicularmente ao Trópico de Capricórnio, ocasionando o solstício de verão no hemisfério sul e o solstício de inverno no hemisfério norte.
Em 21 de junho, o hemisfério norte é que recebe os raios solares perpendiculares ao Trópico de Câncer, havendo solstício de verão nesse hemisfério e de inverno no sul.
Nos dias 21 de março e 23 de setembro, os raios solares incidem perpendicularmente na região do Equador, provocando os equinócios de primavera e outono.
Os trópicos de Câncer e Capricórnio marcam o movimento aparente do Sol na esfera celeste. Assim, localidades ao sul de Capricórnio e ao norte de Câncer jamais recebem luz solar perpendicularmente.

MEIOS DE ORIENTAÇÃO
Uma forma de orientação comum é a bússola. Ela aponta uma agulha imantada para o pólo norte magnético.
Pela constância no movimento de rotação da Terra (sempre de oeste para leste), foi possível obter a rosa dos ventos.
Colocando o braço direito para o leste (onde nasce o Sol) e o esquerdo para o oeste (onde o Sol se põem), uma pessoa fica de frente para o norte e de costas para o sul. Além dos quatro pontos cardeais, existem os pontos colaterais e subcolaterais, mais usados na navegação aérea e marinha.

· Coordenadas geográficas
Segundo estudos recentes, a Terra possui forma de Geóide, ou seja, forma própria da Terra. Isso se deve ao achatamento dos pólos e abaulamento da região equatorial. Para facilitar o trabalho na cartografia, essas imperfeições são consideradas.
A cartografia criou um sistema de linhas imaginárias que servem de base para a localização de qualquer ponto da Terra. Essas linhas são os paralelos e meridianos.

a) Paralelos: os paralelos são linhas imaginárias que cortam a Terra paralelamente a Linha do Equador. Eles são em número de 180, metade para o norte e a outra metade para o sul. A partir dos paralelos é possível determinar as latitudes.


b) Meridianos: os meridianos são linhas imaginárias que cortam a Terra passando pelos pólos (o principal meridiano é o de Greenwich). Eles são em número de 360, metade para o oeste e a outra metade para o leste. A partir dos meridianos é possível determinar as longitudes.

· Sistema de zona de horas (Fusos horários)
Inicialmente a Inglaterra padronizou a hora em suas fronteiras e estendeu essa medida para o mundo ainda no século XIX. Em 1884, representantes de 25 países, entre eles o Brasil, reuniram-se em Washington para Conferência Internacional do Meridiano. Ficou estabelecido que o meridiano de origem do mundo, o de longitude 0º, seria aquele que passa pelo observatório de Greenwich, nas redondezas de Londres. Além disso, o tempo universal seria o tempo médio de Greenwich (GMT).
Estabelecidas essas duas referências, criou-se um sistema de zonas de horas por todo o mundo.
Cada faixa ou fuso horário possui uma largura de 15º de longitude ou 15 meridianos. Esse valor foi obtido levando-se em conta que a Terra gira 360º em 24 horas. A cada hora, nosso planeta gira 15º, consequentemente, uma nova faixa ou fuso passa a ser iluminada pelo Sol, e outra não. Além disso, é possível concluir que se a cada 15º temos uma hora, a cada 1º temos 4 minutos.
É importante recordar que a Terra gira de oeste para leste. Todas as localidades situadas no leste vêem o Sol nascer primeiro. Daí, concluiu-se que elas possuem a hora adiantada. O Japão, 12 fusos a leste do Brasil, vê o nascer do Sol antes, o que significa que os japoneses sempre estão "adiantados" no tempo. De posse desses conhecimentos e da longitude de um lugar ou do fuso onde se situa, é possível determinar a hora local.

· Cálculo de horas
Para se resolver problemas relativos a fusos horários, procede-se da seguinte forma:

1. Determina-se a distância longitudinal (D.L.) entre dois lugares, ou seja, a cidade de que se conhece a hora e aquela de que se quer determinar a hora.

D.L .= Le (maior) + ou - Le (menor)

- Se estiverem no mesmo hemisfério, diminui-se a menor longitude da maior.
- Se estiverem em hemisférios diferentes, somam-se as longitudes.

2. O resultado da adição ou subtração, ou seja, a distância longitudinal encontrada é dividida por 15º ou multiplicada por 4 minutos para se saber a diferença horária (D.H.) entre os pontos.

D.H. = D.L. x 4 minutos ou D.L. / 15º

3. A hora verdadeira (H.V.) do ponto pedido é obtida através da subtração ou soma da hora do ponto pedido (H.D. – hora dada) com a diferença horária encontrada (D.H.).

H.V. = H.D. + ou - D.H.

- Somar se o ponto pedido estiver à leste do ponto dado.
- Subtrair se o ponto pedido estiver à oeste do ponto dado.

TEXTO DE APOIO

O lugar onde o calendário muda
Imagine que você resolva fazer uma viagem diferente no fim do ano: uma travessia pelo oceano Pacífico, a bordo de um Transatlântico. Uma noite, no final do jantar, quando o navio está em mar aberto, o capitão anuncia: “Atenção, senhoras e senhores! É exatamente meia-noite de 30 de dezembro. Mas temos de levantar um brinde pelo reveillon já, porque a partir de agora entramos no dia 1º de janeiro”.
Como é possível passar por cima do dia 31? Os passageiros ficam intrigados. O que existe de diferente nesse pedaço do mundo? É como se, ali, num ponto qualquer, perdido em pleno mar, o tempo sofresse uma descontinuidade, e o dia pulasse, de repente, de 30 de dezembro para 1º de janeiro. O mais estranho de tudo é que a hora continua a mesma: meia noite. Você saberia resolver esse enigma?
É que, exatamente a meia noite de 30 de dezembro, o navio cruzava a Linha Internacional da Data. Essa linha corta o globo terrestre do pólo norte ao pólo sul, seguindo mais ou menos o meridiano de 180º, do lado oposto ao meridiano de Greenwich, na Inglaterra. A partir de Greenwich são acertados os relógios de todo o mundo, pelos fusos horários. A leste dele, adianta-se uma hora, a cada 15 graus.
Só que quando de chega a Linha Internacional da Data, muda-se não o relógio, mas a folhinha: a leste dela, voltamos 24 horas no tempo. Ou seja, quem atravessa essa linha de oeste para leste volta de hoje para ontem. Por quê? Para acertar as contas do calendário.
Veja a seguir o problema que teríamos, por exemplo, se apenas contássemos as horas, a cada fuso horário.
Suponha que é meia noite do dia 30 de dezembro e você está em São Paulo (desconsidere o horário de verão). Se ligar para uma outra cidade, mais a leste, digamos a Cidade do Cabo, na África do Sul, vai ver que lá serão 4 horas da manhã do dia 31 de dezembro, porque a cidade fica cinco fusos horários a leste. Quanto mais a leste você ligar, mais tarde será. No Japão já será meio dia, e, no Havaí, 6 horas da tarde. Seguindo o mesmo raciocínio, no Peru seriam 23 horas, também do último dia do ano. Se continuasse nesse andamento, ao completar a volta ao mundo, você chegaria a conclusão de que seu vizinho do oeste já está na meia noite do dia 31. Mas você continuaria no dia 30.
Para assinalar uma única data, é preciso fazer um acerto em algum ponto. Então, por convenção, diminuiu-se um dia quando se passa pela Linha Internacional da Data, de oeste para leste. Para evitar problemas no dia-a-dia das pessoas, a Linha Internacional da Data não segue exatamente ao meridiano de 180º. Ela faz algumas curvas, desviando-se de ilhas e regiões em terra firme onde possam existir comunidades.
Veja o exemplo da confusão que reinaria numa cidade que fosse cortada pela Linha Internacional da Data. No caso de inflação alta, o cliente de um banco poderia ganhar um bom dinheiro apenas atravessando a rua. Bastaria fazer um depósito na agência bancária do lado leste da cidade e retirar o dinheiro imediatamente em outra agência, do lado oeste. Ele lucraria os juros de um dia em poucos minutos. E tem mais: os compromissos teriam de ser marcados levando em conta de que lado da cidade cada pessoa mora. Ou seja, todos teriam de manipular duas agendas.

Revista Superinteressante, Novembro de 1995.

Nenhum comentário:

Protesta

Protesta

MST

MST

Punks

Punks

Síntese

Síntese

Ezln Sub-comandante Marcos

Ezln Sub-comandante Marcos

Exército Zapatista de Libertação Nacional

Exército Zapatista de Libertação Nacional

Bandeira das Farc´s

Bandeira das Farc´s

Farc´s

Farc´s

Guerrilheira das Farc´s

Guerrilheira das Farc´s

Bandeira do Exército de Libertação Nacional

Bandeira do Exército de Libertação Nacional

Guerrilheiro do ELN

Guerrilheiro do ELN

Liberdade para Mumia Abu Jamal

Liberdade para Mumia Abu Jamal

Igualdade de gêneros

Igualdade de gêneros