segunda-feira, 2 de junho de 2008

Unasul: a integração possível

MONTEVIDÉU - Não é a ALBA, nem o MERCOSUL ampliado, nem a integração energética que a Venezuela vinha trabalhando. A UNASUL, promovida pelo Brasil, tem vantagens e desvantagens: entre as primeiras, potencializa a autonomia regional com respeito aos Estados Unidos; mas é um tipo de integração feita sob medida para as grandes empresas brasileiras.No dia 23 de maio, em Brasília, onze presidentes e um vice-presidente, representando os doze países da América do Sul, assinaram o Tratado Constitutivo da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL). O tempo dirá, mas tudo indica que se trata de um fato que fará história no longo e complexo processo de integração dos países da região e, muito especialmente, da afirmação de um projeto próprio que necessariamente toma distância de Washington. O processo em curso apresenta duas novidades com respeito aos anteriores. Uma delas é o nítido protagonismo do Brasil, que se transformou na locomotiva regional depois de estabelecer uma aliança estratégica com a Argentina. O resto dos países podem escolher seguir a corrente do país que representa a metade do PIB e da população regional e que é, junto com Rússia, China e Índia, um dos principais emergentes do mundo. Mas, além disso, é o único em condições de liderar um processo que vai colocar a região como um dos cinco ou seis pólos de poder global. A segunda é que a segurança regional substituiu a energia como mecanismo disparador da integração. Luiz Inácio Lula da Silva apresentou a proposta de criar um Conselho de Defesa Sul-Americano, do qual somente a Colômbia de Álvaro Uribe quis distância. Contudo, foi criado um grupo de trabalho que em 90 dias vai apresentar um relatório técnico com o objetivo de eliminar as divergências existentes. Lula mostrou-se confiante que Uribe vai aceitar a integração em matéria de segurança após sua viagem para Bogotá no próximo dia 20 de julho. Deste modo, a diplomacia do Itamaraty encurrala as expectativas do Pentágono de abrir uma frente militar, depois do ataque contra o acampamento das FARC em território equatoriano no dia 1º de março. Esta é apenas a fase final de uma estratégia que começou com manobras conjuntas entre Brasil e Argentina, cujas hipóteses de conflito consistiam na defesa dos recursos naturais diante de uma potência extracontinental. Em novembro de 2006, o coronel Oliva Neto, que dirige o Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência do Brasil, fez a proposta de criar forças armadas regionais como parte do projeto Brasil em Três Tempos, que busca transformar a nação em um “país desenvolvido” até 2022. Para horror de Washington, e das direitas vernáculas, a região contará, de agora em diante, com quatro poderosas instâncias de integração: a UNASUL, o Conselho de Defesa e, segundo o anúncio de Lula, “um banco central e uma moeda única”. Não está claro qual será o papel que terá o Banco do Sul, mas é provável que Brasília acabe optando por outro formato, alinhado com seu poderoso Banco Nacional de Desenvolvimento, o BNDES, que conta com mais fundos para investir na região do que o FMI e o próprio Banco Mundial. Sem dúvida, esta integração feita sob medida para o “Brasil potência” não é a que Hugo Chávez preferia, mas as dificuldades pelas quais atravessa o processo bolivariano e as inquietações que levanta na região, fortaleceram a opção brasileira. Que as grandes empresas do país (Petrobras, Embraer, Odebrecht, Camargo Correa, Itaú....) serão as grandes beneficiárias é algo de que ninguém duvida. Com certeza, esse é o preço a pagar por romper dependências mais onerosas. Analistas conservadores, como o argentino Rosendo Fraga, esperam que “a heterogeneidade dos doze países da região” (Nova Maioria, 20 de maio) seja a pedra no sapato do processo de integração. Washington tem as mesmas expectativas e, é claro, trabalha com afinco para isso. Chama a atenção, em vista das escassas perspectivas de futuro dos pequenos países em um mundo globalizado, que o único presidente que faltou ao encontro tenha sido Tabaré Vázquez. - Raúl Zibechi, jornalista uruguaio, é docente e pesquisador na Multiversidade Franciscana da América Latina e assessor de vários grupos sociais.
Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores

Um comentário:

Cemitério de Ilusões disse...

professor,por favor
comente sobre as aulas que vocÊ
está dando no Focus vestibulares
quero saber preços e datas


Eloyna(Superior pre-vestibular)

Protesta

Protesta

MST

MST

Punks

Punks

Síntese

Síntese

Ezln Sub-comandante Marcos

Ezln Sub-comandante Marcos

Exército Zapatista de Libertação Nacional

Exército Zapatista de Libertação Nacional

Bandeira das Farc´s

Bandeira das Farc´s

Farc´s

Farc´s

Guerrilheira das Farc´s

Guerrilheira das Farc´s

Bandeira do Exército de Libertação Nacional

Bandeira do Exército de Libertação Nacional

Guerrilheiro do ELN

Guerrilheiro do ELN

Liberdade para Mumia Abu Jamal

Liberdade para Mumia Abu Jamal

Igualdade de gêneros

Igualdade de gêneros